quinta-feira, 26 de novembro de 2009



Turma na escadaria do Liceu!


Na saída para a aula de campo!

terça-feira, 24 de novembro de 2009


Uma das cinco árvores imune ao corte da Praça dos Mátires.
nome - Baobá
origem - África
Plantado por Senador Pompeu em 1910

segunda-feira, 23 de novembro de 2009



Grupo da aula de campo no Liceu do Ceará.


Aula de campo na Praça dos Mártires.




Equipe da aula de campo na Praça dos Mártires.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Praça dos Mártires


Introdução
Foi iniciada, em 1864, a construção do Passeio Público no Largo da Fortaleza ou Campo de Pólvora, que era a primeira praça da povoação, na gestão do presidente da Província Dr. Fausto Augusto de Aguiar, compreendendo três planos, o atual e outros dois mais abaixo, hoje ocupados pela Avenida Leste-Oeste.

O Passeio Público já foi Campo da Pólvora, Largo da Fortaleza, Largo do Paiol, Largo do Hospital da Caridade, Praça da Misericórdia e, a partir de 3/04/1879, Praça dos Mártires. Porém alguns desses nomes não eram oficiais como, por exemplo: Campo da Pólvora (1870) e Passeio Público, pelo qual é hoje conhecido. A praça foi urbanizada em 1864. Havia três planos em três níveis, destinados às classes rica, média e pobre. Por volta de 1879 as duas praças mais baixas foram desativadas e a atual foi dividida em três setores com a mesma finalidade, ficando os ricos com a avenida do lado da praia, a classe média com a do lado da Rua Dr. João Moreira e os pobres com a central. Foi nesta época que o passeio público recebeu as bonitas grades de ferro que o rodeavam e que foram retiradas em 1939 e recentemente feitas novas de acordo com as antigas.

O nome da praça dos Mártires é uma homenagem aos heróis tombados ali, pertencentes ao movimento República do Equador, que foram bacamarteados: João Andrade Pessoa Anta, tenente-coronel Francisco Miguel Pereira Ibiapina, padre Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque e Melo Mororó, tenente-coronel Feliciano José da Silva Carapinima.

História

A praça foi planejada na década de 1820 por Silva Paulet. Durante o governo de José Félix de Azevedo e Sá a área foi cuidada e foi nesta época que houve a execução dos revolucionários da Confederação do Equador, que foram executados especificamente naquele lugar no ano de 1825.

Em todas as plantas de Adolpho Herbster houve menção a futura praça que em 1864, o então governador da província encomendará ao Engenheiro da Província os orçamentos das obras.

Construída em 1890 em estilo neoclássico, a praça foi reformada em 1940 nos moldes do Passeio Público do Rio de Janeiro.

O logradouro foi palco das primeiras partidas de futebol do estado, disputadas por marinheiros de navios ancorados no porto da cidade, ingleses residentes em Fortaleza e cearenses da classe alta.

Foi tombada pelo IPHAN em 13 de abril de 1965. Em setembro de 2007 teve inicio a última restauração da praça realizada pela Prefeitura de Fortaleza através da FUNCET com o apoio da Casa Cor no Ceará. Na ocasião de entrega da restauração, no dia 6 de outubro de 2007, houve o lançamento de uma publicação de alunos do Colégio Militar de Fortaleza que realizaram uma pesquisa sobre a praça e ajudaram nos trabalhos de resgate da historia do Passeio Público.

Tombamento
Bem Tombado: Passeio Público.

Localização: Rua Dr. João Moreira, s/n Centro

Proprietário: Prefeitura Municipal de Fortaleza.

Tombamento Federal: em 13/04/1965,

Processo 744- T- 64, Livro do Tombo, Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, Inscrição nº 38.

Uso Atual: Praça/ Lazer.

Localização

O Passeio Público fica na Rua Doutor João Moreira, s/n, ao lado da Santa Casa de Misericórdia, no Centro da Cidade.

Quem atravessa a Rua Doutor João Moreira de ponta a ponta os dias úteis, percebe o ritmo frenético do mais movimentado bairro de Fortaleza, o Centro. Próximo ao Passeio Público, um saco de gato urbano que emparelha lojas de artesanato de cipós, uma loja de conserto de discos de freio, casarões como a Associação Comercial do Ceará e o Sobrado José Lourenço, pontos de venda de confecções, bares, motéis, prostitutas e vendedores ambulantes nas calçadas. Dali, caminhando um pouco dá pra se conhecer outros pontos do Centro de Fortaleza como o Mercado Central, o Teatro José de Alencar e a Praça dos Leões.

Por que Visitar?

Com a reforma, deu-se inicio também a uma programação de espetáculos culturais no local para movimentar o Centro Histórico da capital. O quiosque da praça também foi recuperado e hoje abriga um café que está aberto de quinta a domingo, das 15h às 21h, vendendo, entre outras coisas, salgado, bolo, café e tapioca. O local ainda é ótimo para jogar conversa fora sob a sombra das belas árvores.

Quem freqüenta?

O Passeio Público ficou conhecido nos últimos anos como ponto de prostituição e tráfico de drogas, mas com a reforma outros moradores da cidade estão começando a freqüentá-la novamente. O maior público continua sendo o de trabalhadores da região ou pessoas de passagem pelo Centro de Fortaleza que aproveitam para dar uma parada nas dezenas de bancos da praça.

Área Verde

O Passeio Público abriga dez das 45 árvores declaradas pela prefeitura imunes ao corte e que estão identificadas com placas que informam o nome popular e o cientifico e a origem de cada uma. Entre elas, um Baobá com mais de 100 anos de vida.

Baobá
Os baobás, embondeiros, imbondeiros ou calabaceiras (Adansonia) são um gênero de árvore com oito espécies, nativas da ilha de Madagascar (o maior centro de diversidade, com seis espécies), do continente africano e da Austrália (com uma espécie em cada).

As espécies alcançam alturas entre 5 a 25 m(excepcionalmente 30 m), e até 7 m no diâmetro do tronco (excepcionalmente 11 m). Destacam-se pela capacidade de armazenamento de água dentro do tronco, que pode alcançar até 120.000 litros.

Histórico da Criação e dos Nomes Antigos:

Fortaleza, Largo da: Uma das primeiras Praças de Fortaleza. Data do século XVIII e recebeu essa denominação em virtude de ficar ao lado do Forte Schoonenborch, que teve inicio a 10 de abril de 1649, pelos holandeses do capitão Matias Beck, dirigidos pelo engenheiro Caar. Utilizaram, para isso, materiais e a artilharia do antigo fortim de São Sebastião, que Martins Soares Moreno erguera em 1611, na foz do rio Ceará.

Paiol; Largo do: Como o próprio nome indica: pela existência de um paiol de pólvora, que ficava situado no ângulo atual da Santa Casa da Misericórdia, lado do mar.

Hospital da Caridade, Largo do: Em homenagem à atual Santa Casa da Misericórdia, cuja criação foi alvitrada pelo Presidente da Província, Conselheiro Padre Dr. Vicente Pires da Mota, paulista. As obras tiveram inicio em 1847, na presidência do Tenente-Coronel de Engenheiros Inácio Correia de Vasconcelos. Foi instalada a 14 de março de 1861, na presidência do Dr. Antônio Marcelino Nunes Gonçalves, depois Visconde de São Luís do Maranhão.

Dos Mártires: Em sessão de 3 de abril de 1879, por proposta do Vereador João Câmara, cuja justificativa dizia: “em memória dos beneméritos cidadãos que ali foram sacrificados pela causa da liberdade.”

Campo ou Largo da Pólvora: Nome popular por ser o local destinado ao sacrifício de criminosos. Ali também foi erguido um patíbulo para punir condenados de crimes comuns. Destruído em 1831 por grupos de patriotas exaltados.

Passeio Público: Nome popular após a construção desse passeio que foi inaugurado entre festas, ao som de bandas de musica, em 5 de julho de 1880. E devido ter sido construído nos moldes do Passeio Público do Rio de Janeiro.

Os Mártires (Confederação do Equador)
Homenagem aos heróis cearenses que participaram da Confederação do Equador e que ali foram fuzilados.

Esse movimento revolucionário irrompeu em Pernambuco em 1824 e irradiou-se pela província do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas e Piauí, através de mensagem assinada em 2 de julho de 1824 pelo Presidente da junta de governo pernambucano, Manuel de Carvalho Paes de Andrade.

A mensagem assim dizia: “Brasileiros! O Imperador desamparou-nos, e que nos resta agora? Unamo-nos para salvação nossa, estabeleçamos um governo supremo, verdadeiramente constitucional, que se encarregue de nossa mútua defesa e salvação. Brasileiros, unamo-nos e seremos invencíveis”.

A finalidade da rebelião era opor-se ao gesto despótico e arbitrário de D.Pedro I, que queria dissolver a Assembléia Constituinte com um “golpe de estado”.

Quando esta proclamação chegou ao Ceará, a Província já estava sob um governo revolucionário em virtude da deposição do presidente Costa Barros (1º presidente do Ceará nomeado por D.Pedro), levada a efeito no dia 28 de maio pelas forças do valente caudilho José Pereira Filgueiras.

O Ceará, que aspirava a republica, aderiu em absoluto ao movimento libertador e constitucional de Pernanbuco.

Tristão Gonçalves, que fora eleito presidente depois da deposição de Costa Barros, fez diversas proclamações ao povo da Província, expondo claramente a angustiosa situação nacional e declarando “que vista dos perjúrios de D.Pedro, Príncipe de Portugal (chamado Imperador do Brasil), estava roto o pacto social, tantas vezes assegurado por ele, e outras tantas violado publicamente à face da nação, em afronta daqueles mesmos povos , dos quais ele matu-próprio havia tomado o titulo de defensor perpétuo, não lhes tendo sido até agora senão um opressor encarniçado”.

A 27 de agosto realizou-se em Fortaleza a cerimônia do Juramento de fidelidade à Confederação do Equador;

No Ceará os principais elementos deste importante movimento, foram, entre outros, os seguintes:

Tristão Gonçalves de Alencar Araripe: O mais varonil vulto dessa Revolução. Batido pelas tropas imperiais em Santa Rosa, à margem do Jaguaribe, foi trucidado a 31 de outubro de 1824. Seu cadáver barbaramente mutilado, decepadas uma mão e uma orelha, teria ficado insepulto, recostado de pé a uma jurema à espera de que o tempo se ocupasse de sua natural destruição, se um coração neroso não lhe tivesse dado sepultura na Capelinha de Santa Rosa, a meia légua da qual foi assassinado.

João de Andrade Pessoa Anta: Comandante Geral das forças revolucionárias, não honrou a causa a que em principio prestou franco e decidido apoio. Acovardado, penitenciando-se dos seus erros, humilhado, vagando de esconderijo em esconderijo, implorou de seus inimigos o perdão imperial por várias vezes. Foi fuzilado juntamente com o padre Mororó, em 30 de abril de 1825, no Passeio Público.

Tenente-Coronel Francisco Miguel Ibiapina: exerceu na República o cargo de escrivão. Foi membro da junta de Fazenda e um dos 8 deputados eleitos pelo Ceará ao Congresso da República do Equador, em Recife. Ibiapina, ao contrário de Pessoa Anta, encarou corajosamente a sua desgraça. Não esmoreceu. Tinha, aliais, razão de sobra para tanto, atacado, como se achava no momento em que foi cientificado de sua condenação, de fortes varíolas que o traziam preso ao leito. Foi executado em 7 de maio de 1825 também no Passeio Público, deixando escrito na parede do cubículo de sua prisão:

“Nesta prisão estreita,

Vê-se o pobre Ibiapina,

Desprezado dos amigos,

Contudo não desanima”.

Padre Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque e Melo Mororó: um dos vultos mais importantes na Confederação do Equador. Profundo latinista, bom pregador sacro, jurisconsulto, botânico, foi padre Mororó o diretor e redator do primeiro jornal publicado no Ceará: “O Diário do Governo do Ceará”. A ele cabe igualmente a gloria de ter sido o secretário na sessão memorável de 26 de agosto de 1824, chamado Grande Conselho, em que foram proclamadas a República do Ceará e sua completa adesão à Confederação. Foi fuzilado como já foi dito anteriormente no Passeio Público, na manhã de 30 de abril de 1825.

Tenente de Milícias Luís Inácio de Azevedo, apelidado Bolão por causa da baixa estatura e formas arredondadas. Foi acusado de ter sido preso em Santa Rosa com as armas na mão e condenado pela Comissão Militar, tendo sido fuzilado na manhã de 16 de maio de 1825.

Tenente-Coronel Feliciano José da Silva Carapinima, Secretário do comandante das armas Filgueiras e organizador de um corpo de cavalaria de 2ª linha em Fortaleza, fez parte da expedição de Antônio Bezerra de Sousa Menezes a Uruburetama. Foi a ultima vitima que enlutou o Campo da Pólvora, executado em 28 de maio de 1825.

Passeio Público ao Avesso

Texto: Ana Cláudia Peres

O Dia tem 25 horas ali, no retângulo verde de quase 11 mil metros quadrados, esquina das ruas Dr. João Moreira com Barão do Rio Branco. Vista para o mar. Onde Vera Peixeirão, 27, conheceu Fulano – o atual companheiro cujo nome ela não quer dizer – durante um programa que lhe rendeu prováveis 15 contos há exatos quatro anos. É assim no Passeio Público. A história acontece quando você menos espera. Devagar e sempre. O tempo todo.

Dona Conceição, a “Tia”, que vende merenda no local desde o começo da década de 80, acha áqüea “a praça mais bonita de Fortaleza”. Sabe que o lugar tem passado, mas não dá muito ouvidos para o guia turístico que, terça feira sim, terça não, aparece por lá com o grupo da terceira idade contando sobre a Confederação do Equador, o Padre Mororó e o fuzilamento dos Mártires. Prefere o converseiro das moças ao seu redor que pagam “a partir de R$2,00” por um pratinho de galinha cozida ou frita, com arroz, farofa de cuscuz e ovo. “Vendo fiado também. Às vezes, é tudo fiado. A maioria é gente conhecida mesmo”, ela diz.

Parece boa a comida da “Tia”. Naquela tarde, ela alimentou os engenheiros da companhia de luz que trocavam as luminárias do lugar, o funcionário da loja do Centro, o moço que encostou a bicicleta no banco e nunca mais foi embora, o do carrinho de frutas, o vendedor de escovão, três ou quatro passantes que tomavam atalho, as garotas de programa quase todas. “Trabalho aqui. Adivinha fazendo o quê?”, puxa conversa Rejane, que há cinco anos pega dois ônibus para ir do conjunto Ceará até o Passeio Público, onde faz programa. “Todo dia tem um pinga-pinga. Dá pra fazer até três por dia”, contabiliza raspado o prato antes de se preparar para o primeiro.

Outra, Claudia, 34, acaba de chegar do interior onde mora com o marido, depois de duas semanas de folga, para cinco dias de trabalho. Pretende ficar no Motel Atlântico ou no 24 horas, a alguns passos do Passeio. De terça até sábado, vai fazer tudo sempre igual. Levantar cedo, já com cliente; atravessar a rua; merendar na “Tia”; seduzir o segundo, o terceiro; merendar na “Tia”; seduzindo o quarto. Mas não é porque gosta, confessa. “Se eu fosse gostar, eu tava era em casa, amando só o maridão”. Diz que o ponto já teve dias melhores: “É mulher demais! Em todo canto tem mulher!” Pelas suas contas, ali são cerca de 50.

É que o Passeio Público é democrático. Do mesmo modo que a Cláudia disputa os fregueses com as outras 49, a “Tia” vê seu lanche enfrentar a concorrência da dona Valda Fernandes, o extremo oposto da praça, e da Verinha Gomes, outra que oferece café e dengo pras meninas. Também seu Eliseu Aguiar, 72, que naquela tarde integrava o grupo da terceira idade, vai precisar deixar de ser reclamão e aceitar dividir o espaço. Mesmo que ache, como ela acha que no tempo dele era mais tranqüilo. “Agora tem muito vagabundo e essas mulheres levianas. Faz até medo a gente freqüentar”, resmunga.

Antes, muito antes até do que a época do seu Eliseu, o Passeio Público já foi Campo da Pólvora, Largo da Fortaleza, Largo do Paiol, Largo do Hospital da Caridade, Praça da Misericórdia e Praça dos Mártires. Diz o guia que no meio da Praça estava localizada a prisão subterrânea. Era lá que ficavam os heróis da Confederação do Equador antes de serem fuzilados em 1824 também ali aonde hoje as meninas trocam dinheiro por amor.

Naquela tarde, enquanto dona Ana Diana, 80, se divertia com a coincidência de seu nome batizar também a deusa grega em forma de estatua, o guia continuava explicando que a construção do Passeio Público foi iniciada em 1864; que ele era dividido em três níveis destinados às classes rica, média e pobre; que o local foi tombado como Patrimônio Histórico Nacional; que a caixa d’água imponente é da mesma época da reinauguração do local, em 1992; que nessa data foram colocadas grades e colunas, um coreto e um quiosque onde funcionou café e restaurante, trazendo de volta as antigas características do Passeio Público; que os vasos franceses que já nem existem mais são da Belle Époque; que o estilo do lugar é neoclássico; que o Baobá é uma árvore africana e que aquele ali já tem 150 anos...

Ao redor da Verinha do lanche, M.C., de apenas 16 anos, perdeu a oportunidade de assistir aula de historia que ela provavelmente abandonou no colégio para descolar algum. Conta que estuda e que aquela é a primeira vez que vai ao Passeio Público. “Mas eu não quero falar mais nada não”, encerra a conversa. OK. “Aqui, ninguém se mistura. Elas ficam do lado delas e eu do meu”, diz Verinha, viúva, moradora da Barra do Ceará, que faz questão de frisar que está ali só pra vender merenda e que não tem nada em comum com as meninas. Talvez só mesmo a jóia de mentira que ela resolveu pôr em quase todos os dentes da boca, vários falsos piercings, como fizeram as outras. Com cola comum mesmo. Comprou um pacotinho por R$10,00 para desespero de Lidiane Ramos, 21, essa de sorriso lindo e corpo escultural, que acha absurdo o preço que a Verinha gastou no “piercing dentário”. Jura que não pagaria um centavo do seu ganho pão por tal vaidade. Lidiane chega a sair com R$ 120,00 no bolso em dia bom. “Ontem, fui embora foi cedo porque não tava prestando pra nada, mas hoje vamos ver se dá”, torce. Mora com o pai, mas agora vai se juntar com o namorado. Ambos sabem de sua profissão. “E eu já disse que se quiserem é do jeito que sou”.

Manhãzinha e fim de tarde, o Passeio é verde-oliva. O Cooper. É que os soldados da 10ª Região Militar- vizinho mais imponente da praça- costumam fazer suas corridas. Chovia fino em Fortaleza aquele dia de setembro. Mesmo assim, a rotina do Passeio Público seguia. Entre soldados, metida num saco de lixo, feito um parangolé, doba Ana Lúcia, catadora pedia R$1,00 para dar entrevista. Queria tomar café, mas andava desconfiada porque, na véspera, lhe passaram a perna. Dona Ana Lúcia ainda guarda o santinho da candidata que lhe prometeu uma dentadura. Mas estava injuriada: “Fui lá no endereço que ela me mandou. Perguntaram do meu titulo. Como eu não tenho, eles não me deram a chapa”. E se tivesse titulo, em quem votaria? “Não sei. Só não ia votar no “Morongo”, que ele não gosta de muie igual essas não.”

A cabine da Policia Militar já não existe mais. Policiais de moto fazem batidas e ronda da Guarda Municipal de Fortaleza também inspeciona o local algumas vezes noite e dia. É da Guarda que vem a informção de que o Passeio Público tem “uma gerente” – assim eles se referem à mulher que, segundo contam, é uma espécie de cafetina da área. Se o cargo existir mesmo, o código de ética das meninas do Passeio não permite entregar. Todas negam. “Mãe que é mãe a gente deixa em casa. Aqui é a Lei do Murici. Ganha quem é mais forte. É na peia, é na chibata. Não tem isso aí não”, diz Vera Peixeirão.

O Passeio Público é como o mundo todo. Na mesma tarde cabem ainda o grupo de turistas estudantes do Colégio Batista, o da Universidade de Passao, na Alemanha, os dois mochileiros de guia na mão; o casal de adolescentes que chegou cedo demais para a sessão de Zuzu Angel, no cine São Luiz, a três quarteirões dali, e aproveitou para namorar no banco que talvez um dia tenha sido de Dona Zezé e Moreira Campos- o escritor cearense de Dizem que os Cães Veêm Coisas uma vez revelou em entrevista que tinha um banco só dele no Passeio Público.

O BÊ – A – BÁ DA SEDUÇÃO

- Vem pra cá macho, ta com medo, é? Pode começar assim a conquista. Mas pode ser mais sutil. Vestida numa camiseta de lycra onde se lia: “Girlie woman: peace to the world”, Cláudia conversava há horas com um bombeiro hidráulico que resolvera se dar folga por conta própria. “Já liguei pra empresa e disse que tava doente. Hoje, tirei curtir e quando tiro pra curtir é assim mesmo”, conta o rapaz que não quer ser identificado, informando que aquela é “ a primeira das mil vezes” que ele pisou no Passeio Público. “Mas é muito difícil eu ficar com as meninas daqui. Só se eu me engraçar mesmo”, diz o moço, a essa altura já se engraçando pela Cláudia. Só perde a graça mesmo quando ela revela que não tem perigo de se apaixonar por nenhum cliente. “Sou profissional. Enquanto o homem tiver dinheiro no bolso, a gente ama. A gente adora. Depois, acabou”. Acabou para ele que, justo naquele dia estava contando as moedas para pagar o café da “Tia”.

-“Vambora, Cláudia!”, passa a colega.

Cláudia explica que, no jargão das meninas, isso é uma superstição. “É pra dar sorte. Quando uma vai, chama a outra.”, diz. –E dá sorte? -“Eu já nasci com sorte”!

Uma tarde com as Meninas

Vera Peixeirão tem um companheiro do lado de fora do Passeio Público. Lá dentro, ela protege Juruna, a quem chama de namorada. E tem aquela que namora aquela outra. Todos respeitam e que ninguém se meta a esperto. Nem a repórter queria saber sobre a intimidade dos casais. “Se bater foto da minha mulher, vai ter que pagar 15 contos”, avisa Vera para o fotógrafo. “Queria era arrumar um emprego que não agüento mais ver minha Jurunão ser explorada. Aqui, nós somos tudo uma família.” A outra queria mesmo era fazer as pazes com a namorada, na base da moeda. “Cara ou Corou?”, tentou brincar. Sem chance pelo menos por enquanto. Juntas, elas cuidam da Princesa e do Paulista, um casal de vira-latas que virou xodó das meninas.

De um amigo homem, tem o Welinton Freitas, guardador de carros, espécie de hóspede número 1 do Passeio Público. “Morei 9 anos aqui. Tomando sol e chuva, alegria e tristeza. Agora, me deram uma oportunidade e ta dando pra pagar um motel. Mas quando não dá, eu volto a dormir aqui de novo”, conta. São mais dois os moradores do Passeio Público. Todos riram quando souberam que, antigamente, no local havia grandes quermesses para ajudar a Santa Casa da Misericórdia e que o ponto alto das festas eram os concursos “de beleza feminina e de fealdade masculina”. No dia da reportagem, pode ser que os clientes tenham ficado envergonhados. Diz Vera que não ganharam dinheiro nenhum. “Mas os achamos graça que só”, completa.

Tronco Casamenteiro

O Baobá gigante, na entrada do Passeio Público, pode ser uma árvore originária da África. Pode ter sido plantada ali pelo Senador Pompeu. Pode ter 150 anos e durar entre 3 e 6 mil, como informa o guia. Mas quando foi tocado pelas senhoras da Terceira idade em visita ao local, o significado era outro. “Dizem que quem pega no tronco do Baobá, casa de novo”, brincou o guia. Por via das duvidas, dona Nazira Severiano, 84, dona Diana, 80, partiram para o abraço. Às outras mulheres que dia e noite tiram uma casquinha do Baobá restavam o riso de ironia e desprezo.

Feliz da vida, Dona Diana relembrava o tempo em que freqüentava o Passeio Público. “As mães não queriam que a gente namorasse com os rapazes. Aí a gente vinha escondida. ligava pros rapazes, marcava com eles e deixava que eles esperassem aqui. Só que às vezes a gente dizia que vinha com uma roupa e vinha com outra. Pra enganar eles que ficavam pra lá e pra cá”, diverte-se. Talvez seja dessa época a origem de tanto nome e coração rabiscado no tronco do Baobá.